11/10/2009

msn. há escassos minutos.

tiago says:
n sei. amanhã A BOLA :"aimar foi dos poucos a se salvar"
Daniel says:
e foi
tiago says:
vais-me dizer que trocavas os ultimos vinte minutos do um condenado à morte...por uma cona?
Daniel says:
como seria essa troca?
Daniel says:
argentina faz 2-1
tiago says:
pó caralho
Daniel says:
epa, cona acima de tudo
tiago says:
"cona a cima d ebresson". belo blog
Daniel says:
a seco, nao havia bresson que me salvasse
Daniel says:
bela ideia para um filme
Daniel says:
o cinema de bresson nao salva um homem que nao fode e ele mata-se

07/10/2009

#8. Phantom Limb.

época 2002/03 em 2009.



Há realizadores que para contarem uma história "universal" e encharcada de "optimismo" utilizam a grandiosa "universalidade" da linguagem videoclipesca com a gravidade de um Liedson. Elide-se qualquer vestígio de força inerente a um plano, vai-se sempre a abrir, trivializa-se a História até não restar mais nada do que, na melhor das hipóteses, e com muita gentileza, uma visão pitoresca da realidade, e na pior como televisiva; é o Amélie Poulain aplicado a um tema de prestígio. Ao pé disto, a sua visão quase idólatra do capitalismo (cuja primeira aparição surge na forma de uma tipa a fazer strip-tease- isto já fizeram o Walter Hill e o Schwarzenegger em 1988, com o Red Heat, mas sem tanto prestígio- , o que é sintomático) é a menor das chatices. O novo cinema alemão não passou por aqui, a não ser para os vestutos membros da também ela prestigiada Academia, que devem ter batido punhetas uns aos outros ao verem esta glorificação do pior "arte e ensaio acessível ao povo". Goodbye, Lenin é um daqueles filmes para quem diz achar o Spielberg um realizador "infantil" e que depois esclarecem, muito enfatuados, que gostam é "do cinema europeu". Conheço um um outro. Também tresandam a prestígio. Vão todos para o caralho.

Encontrei-me em êxtase durante os primeiros trinta minutos de Intervention Divine. Cinema puríssimo, raspado de qualquer saliência psicológica, uma gigantesca elipse cheia de buracos para o espectador preencher com aquilo que Deus Nosso Senhor nos providenciou, a imaginación. Mas depois de suceder um dos melhores gags (políticos) do século, envolvendo um caroço de uma nêspera, surge outro filme. Mais ruidoso, tanto literal como metaforicamente, com a alusão mais subtil a dar lugar a uma explicitação insonssa, cheia de momentos "significativos", como aquela ridícula (porque deslocada) sequência à Matrix. Mas pronto, tem de existir "conteúdo", senão quem é que ia ligar pevide a uma obra palestiniana? Suleiman dá ao espectador ocidental (de esquerda) aquilo que ele espera: umas valentes bordoadas nos israelitas, para a consciência ficar menos pesada. Tivesse terminado com a explosão do tanque, punchline perfeita, e teria sido uma obra-prima de uma curta-metragem.

Dia Monteiro-10

"Gostaria mais de um ou dois punhados de ervilhas secas." - Shakespeare. Sonho de Uma Noite de Verão, IV,II.

Ainda que fosse grande a minha boa vontade (e não é), como poderia falar de um filme que nem sequer vi na íntegra, e cuja sorte deliberadamente ignoro? Digamos que entrei em férias cinematográficas e tenho por único entusiasmo engordar e ouvir música. Para isso, para a minha satisfeita plenitude na banha e no fá diese, sou forçado a obrar, dado que, por infortúnios e inconsequências minhas, não soube haver-me nas artes malsãs da ociosidade.
Tentarei, o melhor que souber, executar as tarefas de que for incumbido, e as exigências do meu ganha-pão hão-de aumentar com a destreza do meu ganha-mão.
Sou amável e, pouco a pouco, mergulho na doçura. Não me chateiem, contudo, com o meu filme- é o filme privado de um realizador privado de filmes.
Além disso, não sou devoto de coisa nenhuma. Rio-me à flor das águas e- carnívoro indiscutível- adoro carne de porco.

in Cinéfilo nº3, 18 de Outubro de 1973.

ainda chega a director.

[...]. Mas isso é esquecer que um telefilme inglês tem muitas vezes mais cinema em cinco minutos do que 90 por cento da produção corrente americana. [...].

Jorge Mourinha, o Carlos Castro da crítica cinematográfica portuguesa, no último ipsilon.

O Jorge, além de sortudo, é uma pessoal de notável influência junto dos "corruptos" e dos "malandros" das distribuidoras. Então não é que, a avaliar pelas estrelas e críticas com que nos brinda semanalmente, são precisamente esses 10% que estreiam em Portugal, ficando os restantes 90% a marinar em terras americanas? Viva o lobbi Mourinha, viva. Para o nosso bem estar-cinéfilo.

voyeur de voyeurs.

Neste Verão que passou assisti a um "novo" desenvolvimento na relação homem-máquina. Se em Verões anteriores já tinha dado conta da crescente proliferação de Peeping Toms nas ribanceiras de uma certa praia da Linha, desta vez encontrei-os transformados em Jimmy Stewarts, munidos de uma preciosa ajuda para as suas experiências cinematográficas: uns binóculos. Talvez exasperados com a visão que se esvai (são quase todos velhinhos, coitadinhos), o Zé, o Carlos, o Mário e o Joaquim- são sempre os mesmos e por vezes andam em bando, porventura concertando em conjunto algumas estratégias que permitam um melhor desfrute- decidiram ter um auxílio que lhes permita observar, através de um diminuto God's Eye, o deboche que sucede uns metros mais abaixo. No entanto, algo estranhamente, e apesar desta ajuda, continuam a colocar-se em posições de extremo risco para a sua saúde, por vezes com uma parte do pé já para além do precipício, talvez sugeridos pela gloriosa máxima do melhor defesa-direito de sempre do futebol português, que, para se salvar da queda, dava um passo em frente. Em face deste comportamento, pede-se à Direcção-Geral das Montanhas e Rochedos para colocar um cartaz em cada arriba com os seguintes escritos: "Se é voyeur, tenha cuidado", isto partindo do inocente pressuposto de que o Zé, o Carlos e tal conseguem ver o cartaz (mesmo com os binóculos), porque eles são velhinhos, coitadinhos e nós sabemos muito bem que temos o dever de tratar principescamente os velhinhos, porque país que não trata bem dos seus velhinhos não é um país digno, mesmo aqueles que matam à machadada as suas velhinhas e que vão ao cu a meninos e que demoram trinta minutos para tirar a senha na padaria, porque, como é do senso-comum, os velhinhos, coitadinhos estão expurgados de toda a pinga de mal (menos o Pinto da Costa) e são autênticos anjos do Senhor na Terra. Foda-se, que nunca mais chego a velhinho, nem que seja para ver se tenho alguma hipótese de jogar no Milan. Conclusão elucidativa deste post: você acaba de desperdiçar entre quarenta segundos a um minuto da sua vida (uma hora no caso do genial Luís Filipe ambos os dois Vieira).
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