30/10/2010

desenjoar de Romeros. o pintor e a aldeia.


Com Mercedes Álvarez. Também a "captação de um tempo e de um lugar". Felizmente, sem atrasados mentais à frente da câmara nem azeitonas explanatórias.

"the camera is the whole thing".


Diary of the Dead encerra com uma pergunta pertinente: Are we safe? Temo bem que não. Receio bem que cada vez estaremos menos safos de filmes como este Romero, um daqueles filmes que tenta "captar o espírito de uma era" e o caralho que os foda a todos, com muita retórica pedagógica sobre a responsabilidade do jornalista-cidadão e o uso das "novas tecnologias" e o papel (de parede, presumo) das redes sociais e demais assuntos alimentícios para fanáticos do Steve Jobs. Mise-en-scène inútil (típica de George, um gajo que apenas tem a reputação que tem porque, estão a ver, ele ...yah...luta contra o sistema...passa-me os limões...e...e...faz obras políticas...yah...passa-me a colher...e os zombies...os zombies...são metáforas, tá-se?...yah...e...o sistema...ai...que este sistema é mesmo bom...dá mais 100 gramas), com uma montagem aleatória de diversos dispositivos de captação (o tal "ar dos tempos"), um pretenso efeito de distanciação em relação ao sujeito que está a pedir mesmo almofada, e jovenzinhos a brincar ás éticas dos repórteres sem fronteiras. Como o vício de captar tudo o que mexe é uma das trends do dia, brevemente ainda iremos assistir a um filho a filmar um negão a violar a mamã, gritando de raiva É uma Catástrofe! É um Horror! É uma Tragédia...é uma tragédia eu ter tão pouca bateria na câmara! Quem mete o Romero no mesmo campeonato do Carpenter deveria ser preso.

12/10/2010

algo, definitivamente, extraodinário.


Edvard Munch, Peter Watkins.

a arte barata.


Por menos de dois euros, o Público distribuiu na passada Sexta-feira uma cópia de uma das obras-primas artísticas do Século XX. Espera-se, pacientemente, e a um preço semelhante, a distribuição de cópias em tamanho igual ao dos originais de obras de arte como "Les Demoisseles d' Avignon", um boneco qualquer do Lichtenstein ou aquele telefone-lagosta do Dali. O cinema na pode ser subalternizado.

"um dos maiores cineastas vivos, juntamente com o Almodóvar e o Eastwood".


Jason Reitman acaba de ter uma ideia.


Um dos sinais de demência precoce é escrever ou afirmar que "A Canção de Lisboa" é o seu filme preferido. Outro, será ter em conta o Jason Reitman como "um dos grandes realizadores actuais". Como uma das anomalias acima descritas já é bastante grave, há quem, como, sei lá, o comentador Vasconcelos, não se faça de rogado e possua as duas exuberantemente e com o orgulho de um lunático. Desde o assustador "Les chansons d' amour" que não ficava tão mal disposto com um filme, como aconteceu com "Juno". E só foram dez minutos de visionamento. O tom chico-esperto, aquela insuportabilidade comportamental a que os americanos deram o nome de quirkiness , a Ellen Page a bombar "grande interpretação" por cada poro do seu minúsculo corpo, o argumento carregadíssimo de personagens "picarescas", uma voice-over a martelar a minha frágil membrana timpânica. E tudo isto apenas nos massacrantes dez minutos iniciais. Ter esta merda em casa é uma verdadeira maldição.

poder negocial.

Segundo consta, elas preferem homens que transpirem confiança, poder, segurança e dinheiro, sendo a ordem arbitrária. Posto isto, vamos ficcionar uma noite de amor entre uma esposa e o seu marido, que por acaso também é administrador de uma companhia de combustíveis.

esposa: Amor, está-me a apetecer algo.
ladrão: Então?
esposa: Quero que me possuas à bruta e me chames nomes feios!
ladrão: Estás molhadinha, sua....sua pobre?
esposa: Hummm...sim, adoro quando me chamas isso!
ladrão: Sua assalariada! Funcionária pública! Desanco-te, espanco-te e rebento-te a cona com o meu míssil!
esposa: Hummm...meu pulha! Mostra-me como és poderoso!
ladrão: Sou muito poderoso! Sou administrador de uma companhia de combustíveis que finge uma falsa concorrência com outros administradores de outras companhias de combustíveis, para no fim gostosamente aumentarmos o preço dos combustíveis, dando justificações estapafúrdias para tal, conseguindo assim iludir a maior parte do povo, que é estúpido como uma porta, pois só quer é saber da bola!
esposa: Aiiiiiiiiiiiiiiiiii...deixas-me de rasto, meu patife! Mais!! Mais!!!
ladrão: Estoiro-te! E ao aumentarmos os preços fazemos com que o povo, já carecido de dinheiros, vá ter de abdicar do seu automóvel para andar em transportes públicos com o restante povo, todos engalfinhados em hora de ponta, a aspirarem o suor uns dos outros e a terem de ouvir a kizomba altíssima que sai dos ipods roubados dos pretos!! Estás a ouvir bem, sua cigana, sua beneficiária do rendimento de inserção??
esposa: Não vou aguentar muito mais!! Estou a arder!!
ladrão: Habitante de Chelas! Abre mas é a boca para levares com todo o meu poder negocial, antes que te enfie no carro e te empandeire para um centro de emprego, onde terás de estar entre duas a três horas à espera de ser atendida, sua remediada!
esposa: yeeyyyyyyyyyy...bate-me na cara com o teu Visa Gold!

e por aí. Também estão disponíveis as versões esposa e administrador de uma agência de rating, esposa e administrador bancário e um gajo qualquer e Zé Sócrates.
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