O banho de bola. O terceiro lugar. A Liga Europa, pra jogar contra os Evertons e os Herthas da Europa, já sem (espera-se) todos os pedaços de lixo futebolístico- Hulks, Marianos, Tomazes Costas, Prediguers, Sapunarus ( um tipo que faz recordar os tempos de Ceausescu com vívida saudade, quando os jogadores romenos eram proibidos de sair do país), Guarins (o pior jogador que me lembro de ver jogar no FCP, um sujeito que certamente terá as suas qualidades, como servir de mula de cocaína), Miguéis Lopes, Rolandos, Farias, Orlandos Sás (já vi postes de iluminação com melhor técnica)- que se foram sedimentando no clube, quais ervas daninhas, ao longo dos últimos quatro anos, substitutos de Pepes, Luchos, Lisandros, Bosingwas, Assunções, Andersons, etc, e também, obviamente, já sem o Professor Jesualdo, que o "processo" táctico à Boavista de 2001 (pontapé pá frente, corrida desenfreada, aposta sistemática em invertebrados) já foi chão que deu uvas (e muitas, muito obrigado). E se no princípio da próxima época (já com Villas-Boas ou Domingos, e não com Bentos ou Jorges Costas) algum destes monos ainda por lá permanecer, espera-se que os restantes elementos do plantel façam uma conferência de imprensa em conjunto e exijam a imediata saída dessas escleroses, sob o lema "Somos Porto! Mandem toda esta merda pá puta que a pariu!".
28/02/2010
23/02/2010
as mamas da Soraia, Luchino de suspensórios, Lee Marvin, e Verboten!.
Eu concordo. Eu acho que sim. Concordo e acho que sim à existência de cinema mainstream português, tal e qual como afirma o Comentador Vasconcelos. Mas que seja uma existência em grande, de inusitados fulgores e de mil recompensas para o público. Por isso, sugiro ao comentador que encomende um "argumento" que envolva cenas de lambanço entre as Chaves, a Soraia e a Diana, com diálogos que podem variar desde o mais apaixonante "queres que te chupe bem as mamas, cabra, queres?", até a um mais íntimo "agora é a tua vez de ficar com o fio dental na boca, amor", que decerto mereceriam o vergasto público do Poeta Mexia, o que seria um bem vindo elogio. Se é para "dar ao público o que o público pretende" (especialmente aquele que não acha o Milk um dos cinquenta melhores filmes de 2009), então que a oferta seja definitiva, irresistível. Por arrasto, a indústria dos Kleenexs sofreria de um precioso empurrão, impulsionada pelo constante abastecimento (em toneladas) a tarados sexuais como o leitor. E não esquecer que tudo isto permitiria às "actrizes" afirmarem, com uma distanciação de starlet cumprida à risca, que "foi um desafio artístico enorme. Espero voltar a agradar ao meu César, que nestes últimos tempos andava mais entretido com o jogo do Sabonete no Chão com o Ramires". E o Jorge Palma assinaria a banda sonora, fodendo-nos o juízo pela 1234ª vez com a lenga-lenga do "ya, meu...em Paris...tive quase a morrer à fome...ya...foi lixado. Boris Vian e tal...sou ou não o maior gajo do rock do mundo? Ya, meu...sai um martini". E os multiplexes arderiam de excitação, com a tela a flamejar quase tanto como em Senso, de Luchino. Luchino, o homem que imagino sempre de suspensórios, de gola aberta e esparramado num sofá, a tresandar a bebida e rodeado por dez jovens completamente nus (ele é que realizou o The Damned, não fui eu). Luchino, o comunista que possuía uma catrefada de criados ao seu dispor, o que certamente mereceria a desaprovação do Avante!, se por lá se conhecesse mais alguma coisa para além de Eisenstein. Luchino, o mestre da suave podridão, da decadência moral. Selvajaria emocional, à beira do histerismo hilário, e com aquela tão típica e italiana desincronização de voz, algo que provocaria um ataque cardíaco a muito estudante do "audiovisual". Senso é uma aula prática de melodrama sem melo, um exercício de sado-masoquismo em contexto histórico (fabulosamente explicitado numa grandiosa panorâmica de um campo de batalha), a que o aprumo das vestimentas ainda o cunha de mais perverso. Alida Valli é boa cómó milho, Farley Granger cinco anos antes andava a roubar bancos e a fugir à polícia, e um ano depois de Senso estrearia Bad Day At Black Rock, também realizado por um elemento do sexo masculino, neste caso John Sturges, um sujeito que hoje em dia poderia ter uma reputação (ainda) mais estimável, se num certo dia de 1955 Truffaut e Godard, enquanto canzenavam a Bardot num hotel rasca de Paris, se questionassem mutuamente "Então e o Sturges, hum?", "Bora, bora...jesus, que cu.". Primeiros: é possível não gostar de um filme com Spencer Tracy (só com um braço), Robert Ryan, Lee Marvin, Walter Brennan (melhor actor desde a plantação do pinhal de Leiria), e uma miúda (Anne Francis) que trabalha numa gasolineira e que não dispensa os lábios carregados de batôn? Só a personagem de Marvin, que digo eu, só a primeira aparição de Marvin mereceria uma tese de mestrado intitulada, pomposamente, de " Movimento Corporal em 1955: a semiótica do gesto", a editar pela Faculdade de Letras. Segundos: quem é que afirmou que o Cinemascope só servia para filmar serpentes ou caixões? Foi o Lang, que estava errado, pois também serve para fazer planos gerais de comboios num deserto californiano e que mais se assemelham a serpentes (ou mesmo caixões) a ziguezaguear na areia. O Cinemascope em Sturges é uma miraculosa concepção de espaço e enquadramento, uma forma de exprimir ideias apenas e só, graças a Deus Nosso Senhor, abençoadamente, Von Trier morre por favor, por minimais e subtis artefactos visuais, como aquela coisa de colocar os rivais de Tracy sempre no canto oposto no plano, ou os paisagísticos da aridez do deserto, a sublinhar a estranheza do ambiente para Tracy. Curto, tenso e sem flores, Bad Day... é magistral e também do caralho. Agora Samuel Fuller. Fuller, coitado, que viu as suas míticas palavras em Pierre, le Fou serem sujas pela pena do Comentador, que no ipsilon de há uma semana e pico utilizava-as como defesa camuflada do seu próprio cinema. Um dia destes ainda iremos ver o Guarin a explicar o seu futebol com base nos ensinamentos de Zidane, ou assistir a uma palestra de Cavaco Silva sobre Picasso. Verboten! é um back to roots, ao puro instinto oportunista de sobrevivência na miséria, à corrupção e ao ódio e a tudo o que advém do ressentimento, enfim, a tudo o que é também humano, que esta vida não é só programas da manhã com apresentadoras com sorrisos de cera. A violência emocional (mais do que verbal) é comum a quase todas as personagens, o preto e branco (O Laço Branco, ah!) foi confeccionado numa oficina das taseiras, e serve muito bem, e há, sobretudo, uma das mais brilhantes máquinas de terror em movimento na "história do cinema": o Julgamento de Nuremberg, ficcionalizado e entrecortado com imagens (reais) e sons (reais) de arquivo, e que funciona como abertura de olhos e ouvidos a um puto contaminado pelos dejectos hitlerianos. É uma sequência espantosa, que se ouve como peça radiofónica e se vê com os olhos de um novato, de espanto face a algo que se desconhecia. À semelhança do moço. É forte, é guerra, é Humanidade, é cinema. Numa palavra: Samuel Michael Fuller.
05/02/2010
eu quero é que o público se foda.
Há uns tempos andava a dar, na tv, uma série de entrevistas de escritores e "escritores" ao "escritor" Rodrigues dos Santos. Numa das que apanhei, o "escritor" entrevistado era o tipo que tinha "escrito" o Coleccionador de Ossos, que mais tarde daria um "filme" "realizado" por um toino qualquer. Então o gajo que tinha "escrito" o Coleccionador e restante lixo tóxico "policial", afirmava, com o maior desassombro, que "eu dou o que o público quer", " um escritor que não escreve para o público é egoísta" e, paternalismo no volume 11, "mas a "literatura exótica" também tem direito a existir", por entre alegres acentos de concordância por parte do "escritor" Zé. Depois, na semana passada, li aquela entrevista de um comentador medíocre ao ipsilon, onde basicamente se dizia o mesmo (epá, por mim, era cinquenta Eastwoods em cada esquina portuguesa, de Caminha a Vila Real de Santo António), até o paternalismo magnânimo do "deixem lá os coitadinhos dos freaks fazerem os seus filmes" era o mesmo (aparte: o Pátio das Cantigas, bem como toda a "comédia" portuguesa dos anos 40, é obra para sopeiras e para homens que derretem as suas esposas à porrada). Como a primeira de várias grandezas de The Fountainhead é a possibilidade que dá a cada um de nele ver o que bem desejar, eu decidi-me a ver um ataque certeiro a estas prostitutas "artísticas", fazedores de poias para agradar ao maior número de pessoas possível, não vão elas, enquanto bebem o galão e enfardam a boca com uma bola de berlim ao pequeno-almoço, exclamar babadas que "andam a brincar cos mês impostos! Gatunes!". Adiante, que já estou a suar. Retomando o que se enunciou, a unidemensionalidade da "mensagem" do filme de Vidor (e do livro e argumento de Ayn Rand) parece-me ilusória. Proto-fascismo, desprezo pela vida em comunidade, apologia do free-enterprise capitalista? Liberdade do eu em relação ao conformimo reinante, desprezo, sim, pela uniformidade do gosto estético, um puta que pariu aos middle of the roads, que não são carne nem peixe? É à escolha do freguês. Não se vá é a pôr muita reflexão nisso, senão ainda acaba por ignorar alguns dos mais fabulosos planos de sombra e contra luz depois da Restauração de 1640 (sim, é incrível, mas já existiam filmes a preto-e-branco antes de O Laço Branco (bocejo)! Incrível!), ãngulos baixos e altos que expressam mais do que mil metáforas simbólicas, e, sobretudo, uma jorrada infernal de diálogos memoráveis, em que nenhuma letra é desprezada. E, claro, dormia na boa com o Gary Cooper. Gostaria de continuar este texto, mas acaba de começar o Stallone- Prisioneiro no Hollywood. It's not our car! It's his car!
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