15/09/2008

gelado #74

Peguemos em dois cineastas Humanistas, Charles Chaplin e Abbas Kiarostami, homens que na generalidade das suas obras dão enorme relevo a temas como a solidariedade, a bondade, a amizade, e demais substantivos positivos acabados em ade. Agora isto: Chaplin possuía a fama de capataz nas rodagens, perfeccionista até aos limites, indo ao ponto de despedir actrizes e de quase entrar em vias de facto com as mesmas, se as suas ordens não fossem os desejos das outras ( Paulette Goddard levou muita porrada psicológica). Kiarostami, por seu turno, em O Sabor da Cereja, para obter uma determinada expressão de um dos actores, colocou uma pistola no porta-luvas da carrinha, momentos antes de o actor o abrir e sem que soubesse de nada. Se Hitchcock e a sua crueldade na rodagem estavam em sintonia com o que estava a filmar, não deixa de ser curioso que, nos dois casos acima citados (mais o de Chaplin, claro) tenha de se utilizar o mínimo de terrores psicológicos para dar origem a algo parecido com uma elegia pelo Ser Humano. Cinquenta salazares em cada esquina, só assim se chega lá, é o que vos digo.
Related Posts with Thumbnails