Muito bem observado. Poder-se-ia acrescentar que os senhores quase nunca tocam na comida (nas novelas portuguesas é raro ver alguém, sequer, a mastigar qualquer alimento, e a única coisa que lhes mete a boca cheia encontra-se em elipse), que os frondosos pequenos-almoços dos senhores decorrem sempre em franca comunidade familiar, e que as empregadinhas que lhes colocam a comida na mesa variam, geralmente, entre a atraso mental ou a simplicidade do povo humilde que serve humildemente os seus senhores que por via das regras não lhes retribuem tamanha humildade. Uma lástima. Impõe-se, também, averiguar o que acontece aos manjares dos senhores mal termina o take: Atirados ao lixo? Consumidos avidamente pelos actores, que assim livram-se dos diálogos retrógados e saciam a sua gula? Entregues aos mendigos? Uma lástima, e à atenção da Asae e de Ferran Adrià. E já estou a imaginar os argumentistas de ficção portuguesa, nos seus qualificados brainstorms, a tentarem arranjar a melhor ementa para os breakfasts dos senhores (desde que não os comam, está claro). Alguém que estoure com a TVI, com o Valdemar Duarte incluído.