Eu bem a tento reprimir, mas a minha costela fascista sedenta de sangue emerge à tona algumas vezes, as suficientes para não fazer mal a uma mosca (mas não a um caranguejo, e tenciono aqui voltar ainda este ano). Ontem foi uma delas, quando vi John Rambo pegar nesse dispositivo militar do qual desconheço o nome. O que se seguiu foram dez minutos de transe em mode mata-me esses cabrões todos!, impulsionado por uma brutalidade e uma raiva (emocional, de montagem) que envia direitinho para o caixote do lixo objectos "realistas" e "chocantes" como o inenarrável Black Hawk Down. Tripas, cabeças pelos ares, um bombardeamento audiovisual de planos curtíssimos, onde se destacam aqueles, fechados, de Rambo e os sons de trovão da sua máquina, escangalhando com tudo o que lhe apareça à frente. Numa era de hiper-hiper-realismos do corpo, ainda há quem me consiga impressionar. Além disso, foi uma sequência que terminou com os bocejos da hora anterior, que me levaram a ter saudades da deliciosa panache involuntariamente burlesca da obra-prima Rambo III. Nevertheless, recomendo aos mais devotos fãs.