10/12/2008

gelado #159

Há anos, viu dois filmes de Manoel de Oliveira e agora assistiu a Alice (Marco Martins, 2005), Call Girl (António-Pedro Vasconselos, 2007), Juventude em Marcha (Pedro Costa, 2006) e Aquele Querido Mês de Agosto (Miguel Gomes, 2008). Achou que o realizador e argumentista de Call Girl deviam ter escolhido o ponto de vista único da call girl e esquecido os outros quatro (e preconizou que o filme em versão americana teria Angelina Jolie como protagonista) e nos restantes encontrou desejo de aventura e esforço minimalista, mas... "não são muito hábeis". "Se se quer usar uma técnica minimal, tem de haver a certeza de que há um conteúdo tremendo, como no Brokeback Mountain" (ou O Amor é um Lugar Estranho, Morrer em Las Vegas, Confissões de Schmidt, enuncia) e só o encontrou em Alice.
"Como argumentistas, temos uma obrigação para com o público. Pedimos-lhe um grande bocado da sua vida - três horas. É muito, posso jogar uma partida de golfe em três horas. Nesse convite há uma promessa de recompensa. Dar-lhe-ei algo que não tinha antes, fazê-lo pensar, chorar, rir. Vou enriquecer a sua humanidade". Hum.

Sem desprimor para o Alice ( os filtros, ) ), um oásis de qualidade na verdadeira câmara dos horrores que é o mainstream português, gostava de perceber como é que o Sr. Mckee consegue dizer essas suas últimas afirmações como se para tal catadupa de emoções acontecer tivesse necessariamente ( e obrigatoriamente) de existir apenas um argumento de cariz clássico, numa relação causa-efeito indesmentível ou inevitável. É a velha lenga-lenga dos senhores respeitáveis e dos cânones, que parecem desejar a existência de uma verdade universal alheia à vontade de meia dúzia de gatos pingados que, pobrezinhos, até pensam, choram e riem com histórias onde não há psicologia e coiso, aquela cena do enredo. 550 euros por cabeça.
Related Posts with Thumbnails