24/12/2008

gelado #172



É necessária uma luta tenaz para resistir à graça manipuladora de "Miracle on the 34th Street", mesmo com a providencial ajuda dos óculos descodificadores de Roddy Piper. Puro exemplo daquilo a que os americanos apelidam de "Hollywood Hokum" (bimbalhice de Hollywood?), este filme de Natal encaixa tão bem umas nas outras as peças do seu argumento que eu, ao cabo de vinte minutos, já me tinha tornado um crente na absurda premissa que dá corpo à obra de George Seaton. Filmes deste calibre familiar precisam é de competentes funcionários desprovidos de robusto ego atrás da câmara, para que actores (todos bons, Edmund Gween superlativo) e estória (simples e constrastante como a de um jornalista desportivo) se destaquem para deleite do espectador adormecido, tão adormecido que só muito tempo, três minutos, após ter visionado "Miracle..." é que perceberá que acabou de ver não um bondoso panegírico ás virtudes da fé e da imaginação, mas sim a um brilhante tratado sobre cinismo calculista revestido de bonomia natalícia. Ou então é o dito que se encontra apenas no meu turvo olhar, e o projecto foi construído e acarinhado com a mais pura e nobre das intenções humanistas. OK. Dêem-me mais disto, eu compro. Com Maureen O'Hara (27 anos) e Natalie Wood (9 anos).
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