09/02/2009

gelado #211


Existem três planos em Jackie Brown que me levam a considerar que a Humanidade não é uma coisa, afinal, assim tão sobrevalorizada. Os dois primeiros são um clássico campo/contracampo entre Pam Grier e Robert Forster, na sala da casa da primeira. Grier a colocar o vinil dos Delphonics, a acender um cigarro,  a sentir a música e a andar como se estivesse noutro tempo; plano de Forster embebecido. O terceiro, novamente com o recurso ao mesmo tema dos Delphonics, é um plano frontal de Samuel Jackson e Forster no automóvel a caminho do destino. Planos que se deliciam com o mero passar do tempo sem que nada de aparentemente extraodinário e importante para a narrativa aconteça, e que no seu interior são eles próprios pequenos apontamentos reveladores sobre a mais geral e verdadeira passagem do tempo, afinal o grande tema do filme. E, sublinhe-se, são belíssimos. Quem não concordar pode ir-me ao cu. 

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