Uma relação afectiva a alimentar-se de conflitos geracionais e culturais, com o papão dos EUA a acenar à superfície audiovisual. Quando, ao fim de alguns minutos de fotos e fascinação pela americana, Rudiger Vogler espatifa a televisão do seu quarto de Motel e quando, pouco depois, acontece um miserável diálogo sobre identidade, o meu coração temeu estar em presença do pior arquétipo do arte e ensaio, com mensagem escarrada a servir de sobremesa. Felizmente, Wenders deve-se ter dado conta que tinha uma história para contar, sem desprimor para os pormenores pontilhistas das suas preocupações e fascinações sobre a velocidade civilizacional imposta pelos yankees (já bastava toda uma sequência de aeroporto). Uma obra em aconchegante lume brando, um road-movie pára-arranca com o detalhe importantíssimo da captação incessante dos olhares e dos malditos silêncios. Não consigo escrever mais do que estas preguiçosas ideias gerais. Estou cansado, tal como a personagem de Vogler. Pronto, gostei muito do Alice in den Stadten.