Depois do episódio francesinha ultra-sensível a contas com crise existencial e Michel Legrand ao piano (pó caralho, sinceramente), a magnificiência. Um outro mundo cinematográfico: rostos e os seus olhares, conversas em background, o ruído da sociedade, e o silêncio perscrutador de Corinne Marchand. Esqueça-se o que está inerente (no filme) a este contraste entre o eu e os outros na deambulação de Cléo pelas ruas e avenidas de Paris; é uma longa sequência que existe por si mesma, atingindo os limites da perfeição num dos mais simples (?) paradigmas do cinema: ter uma câmara a filmar a relação de uma personagem com o mundo que a envolve. E que nunca susbtitui nem quer acrescentar mais nada ao olhar da personagem nesse caminho. Quem me dera saber fazer isto. Mas primeiro tenho de me ajeitar com o tripé.