10/07/2009

Várume láufte Érr R. Amók?


Enquanto o Vinterberg andava de coeiros e o Von Trier obrigava a sua prima adolescente a foder com um porco em cima das fezes de um cavalo (apontando num caderninho, enquanto derramava uma lágrima, como é mau e injusto este mundo!), já Fassbinder e Michael Fengler (apenas este, segundo Hanna Schygulla) não utilizavam tripé, tinham um orçamento total de dez paus para a qualidade da imagem (os brancos não estouram; encadeiam a vista), e observavam como insectos a estafada classe média burguesa a caminho da mais saborosa decadência. As rotinas do trabalho, da vida em família, do sofrimento silencioso que é por vezes aturar os (as) amigos (as) do marido/mulher, aquela promoçãozinha que não chega, é isso. Nem me parece que haja qualquer tipo de julgamento destas personagens; é como se um primo chegado tivesse pegado na handheld e tivesse esgaravatado a vida do senhor R durante uns dias. Impera o sonambulismo destes zombies (julgo-os eu, ai não) e o espectador embala nesta tragicomédia e depois acontece uma coisa. E esta coisa acontece como se Fengler e Fassbinder estivessem a filmar o senhor R a ir à padaria; talvez daí o choque. E tudo o que vem de trás ganha uma nova luminosidade e vamos ter de o rever imediatamente. Enquanto o Vinterberg...
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