Nada contra (pelo contrário) "suspensões da narrativa", desde que eu não as apreenda como vaporosas, cheias de fragrância e "poesia" visual, que era o que menos gostava em Miami Vice. No novo do Mann lá voltam a estar os momentos "delicados" e "preciosos" entre Depp e a Cotillard, mas nada que esmoreça a construção de uma rara mitologia cinematográfica, tarefa a desempenhar apenas por homens com os colhões no sítio. Talvez até ainda mais do que na sequência final, é na chegada de Depp à prisão (de avião-alembrei-me do Triumph des Willens) que impressiona o gesto elegíaco do realizador, uma grandiloquência despudorada que foge do recato como eu fujo dessa irritante modazinha do poker para todas as idades. É o "anti-Pialat", que punha Van Gogh a morrer no meio de tarefas domésticas e tilintar de copos. Espero que no próximo ainda haja menos concessões ao estilo Coppola mais nova.