Alguns daqueles que acusaram Che de "não acrescentar nada" à história do argentino devem ser os mesmos que há meia dúzia de anos ficaram siderados por no Elephant não "existirem explicações". Aconselho esta gente a visitar bibliotecas, livrarias, ou, no caso de a preguiça ser muita, a ficar-se pela Internet; explicações abundantes e detalhadas é que não irão faltar a vossas mercês. Entretanto, eu já me dou por satisfeito com a ideia geral do mito no filme de Soderbergh, que volta aqui a mostrar a sua melhor qualidade, uma suavidade na montagem que faz com que duas horas e pico passem exactamente como duas horas e pico e não como dez horas e pico, como me sucedeu com outro filme recentemente adquirido na "etnia cigana". Elegância ainda mais saliente quando o realizador é um daqueles para quem as maravilhas das tecnologias e seus mais diversos usos ( onde se inclui uma câmara escangalhada ao ombro) são coisas sagradas. E todo o elenco contribui: cool, calmo e sem histerismos, mesmo num tiroteio numa rua. E, last but not the least, não se pode negligenciar qualquer filme que faça vir à tona a carcaça política do Eurico de Barros.