Não conheço nem a filmografia de Duvivier nem os contornos da sua bonita relação de amizade com os Cahiers, e portanto, abstenho-me de enviar a prestigiada revista para a santa cona do assobio. Por agora, resta-me uma obra em permanente estado de excitação, viva, com pitorescas personagens em cada esquina (quase literalmente)- um filme de local-, e o carisma iluminado de uma star (agora seria a altura indicada para escrever "disto já não há mais" ou num regime mais apocalíptico "o cinema acabou"- Alberto Seixas Santos). De facto, é temerário fazer isto, uma ignorância parva dos problemas sociais de uma grande cidade para benefício imediato do (inteligente) espectáculo; uma pouca vergonha digna dos maiores reparos. E ainda há a impureza ideológica de transformar o galã colonizador em ídolo das pobres vestimentas indígenas. À atenção de Rosenbaum. Pepe Le Moko é um filme que qualquer comentadeira quererá realizar quando for mais grande.