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Como, exceptuando o Seinfeld, as últimas séries que visionei foram aquelas reaccionárias de finais de oitenta (Alf, Knight Rider, MacGyver), decidi tomar ares com a modernidade e, não ver, mas antes criar uma própria mini-série em quatro dias, que seis horas seguidas em frente ao televisor é tarefa a desempenhar apenas por pessoas dotadas de uma descomunal força física e mental, como o Cintra Torres ou Mourinha, o Jorge. Escolha acertada, pois o folhetinesco de Le Megliu Giuventù coaduna-se muito bem com o parar e recomeçar. Inevitavelmente escolar, e daí que se foda: o essencial está em tentar tornar aquelas personagens e as suas teias de relações em sentimentos palpáveis no espectador, ao ponto de, juntamente com as mamas da Furtado, ocuparem a nossa mente no momento da dormida e do acordar. Da perda até à beatitude melancólica, é toda uma graça manipuladora que Giordana vai instarando como senhor absoluto dos seus domínios. E, cume máximo, consegue soprar a ideia de tempo a passar, mesmo que pareça que os actores envelheceram três horas em quarenta anos. Faltou a referência ao Cetim de Ouro, à Laura Pausini e a Berlusconi.