"Gostaria mais de um ou dois punhados de ervilhas secas." - Shakespeare. Sonho de Uma Noite de Verão, IV,II.
Ainda que fosse grande a minha boa vontade (e não é), como poderia falar de um filme que nem sequer vi na íntegra, e cuja sorte deliberadamente ignoro? Digamos que entrei em férias cinematográficas e tenho por único entusiasmo engordar e ouvir música. Para isso, para a minha satisfeita plenitude na banha e no fá diese, sou forçado a obrar, dado que, por infortúnios e inconsequências minhas, não soube haver-me nas artes malsãs da ociosidade.
Tentarei, o melhor que souber, executar as tarefas de que for incumbido, e as exigências do meu ganha-pão hão-de aumentar com a destreza do meu ganha-mão.
Sou amável e, pouco a pouco, mergulho na doçura. Não me chateiem, contudo, com o meu filme- é o filme privado de um realizador privado de filmes.
Além disso, não sou devoto de coisa nenhuma. Rio-me à flor das águas e- carnívoro indiscutível- adoro carne de porco.
in Cinéfilo nº3, 18 de Outubro de 1973.