29/01/2010

estrearam ontem os provavelmente dois piores filmes do ano.


Há uma dezena de anos, Songs of the Second Floor causou algum furor, ganhando não sei o quê não sei bem onde. O seu autor, Roy Andersson, tinha estado uma porrada de tempo sem aderir à "magia do cinema", preferindo antes desperdiçar forças a realizar anúncios publicitários, tarefa na qual, segundo Ingmar Bergman, era o melhor do mundo e também de Estocolmo. Songs of the Second Floor é uma merda, mas uma merda que até desperta curiosidade nos minutos iniciais, portanto antes de se tornar na merda propriamente escrita. Planos fixos e sem close ups, situações bizarras, num caldeirão de influências onde se poderiam colocar Kaurismaki, Lynch, Buñuel ou ainda a CD da Liga de futebol. Sketches relativamente inspirados de absurdo humor negro, sem referências oferecidas de mão beijada ao espectador. Mas isto não pode continuar assim por muito tempo, não senhor, há que fazer metáforas e mensagens sobre e com a realidade, senão não há profundidade e provavelmente os tais prémios ganhos em parte incerta jamais poderiam ter acontecido. E lá vem o "argumento" carregadíssimo de sequências alusivas a pingar reflexão sobre a desolação planetária e a doença capitalista e o caralho, sempre com os mesmos planos fixos e a mesma ausência de close ups, porque assim é mais fácil enganar os pedantes e levá-los a babar-se perante tanta distanciação. É uma óptima obra para os Mourinheiros desta vida fazerem "análise sociológica". Após isto, fui lavar os olhos com o Escape From New York.
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