24/04/2010

o medo come a alma ('tou todo borrado).


Sob uma perspectiva artística, flagelos como a religião, a guerra ou a fome (indissociáveis uns dos outros, a maioria das vezes) são um mal necessário. Imaginemos o mundo sem as obras-primas que foram inspiradas ou baseadas nesses cataclismos. Enlevados ou criticados, como background ou como motivo principal, romantizados ou satirizados, assim foram abordados tais desastres da humanidade. E não sem as suas generosas doses de polémica, como acabam de conhecer (uma vez mais) Trey Parker e Matt Stone, criadores e ditadores do grandioso South Park, que foram ameaçados por uns macacos nova iorquinos, a propósito da aparição do profeta ----- no último episódio (dividido em duas partes) da série. Na segunda parte o nome do profeta ----- é constantemente cortado por bleeps, e três discursos são inteiramente censurados, o que me levou, a princípio, a pensar que se estava na presença de alguma sátira aos próprios mecanismos censórios. Afinal, We delivered our version of the show to Comedy Central and they made a determination to alter the episode. It wasn’t some meta-joke on our part. Comedy Central added the bleeps. In fact, Kyle’s customary final speech was about intimidation and fear. It didn’t mention -------- at all but it got bleeped too. E lá teve de ceder a Comedy Central à intimidação e ao medo (e ao tão típico sentimentozinho de culpa ocidental), todos borradinhos com a hipótese de represálias por parte dos macacos. A mim só me resta desejar que os macacos não levem a deles adiante- ou por falta de sabonete e pele humana para as bombas ou por falta de força muscular devido à escassez de proteínas ingeridas- , e que Parker e Stone continuem a ser os brilhantes anti-iconoclastas que têm sido, na linhagem de grandes vultos da Humanidade, como José Vilhena ou Abel Ferrara. Para o final, e limpo de qualquer remorso e miúfa, deixo-vos uma imagem do profeta -----:
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