A Joana Amaral dias, aquando da estreia de Zodiac, questionava, num dos seus blogos, a necessidade e a validade de se fazer um filme que não dava respostas nem conclusões. Eles foram maus. Eu à espera de saber quem era o bandido e nada feito. Isso não se faz. Sou tão boa. Assim, não se recomenda à miss o visionamento de Memories of Murder, a segunda e genial obra de Bong Joon-ho, um tipo que é das melhores coisas que andam por aí à solta. Sem a épica dilatação temporal do filme de Fincher, Memories... contém igualmente aquela obsessão nervosa de personagens e espectador em visualizar um rosto, uma prova do Mal. Mas contrariamente ao procedural sorumbático de Zodiac, Bong abarca a vida: non-sense, suspense magistral (nunca uma punheta teve tanta importância), drama familiar, irrisão e caricatura das convenções americanas do thriller. Confirma-se, já antes de The Host, que Bong domina como poucos a subtil detonação dos alicerces do género sem os destruir por completo. Espanto. Bong John-ho é um mister.