Acabado de ver. Depois de algumas resistências, de muita preguiça e de uns tantos esquecimentos. É tudo muito simples: como sou um gajo que, cada vez mais, não gosta dos filmes pelos "conceitos" e pelos "temas", vou então atribuindo importância desmesurada ao real do filme. Aos materiais. Eu quero é saber o que é que o realizador fez com um certo som, uma tal música, uma tal luz ou um tal movimento de câmara. "Ideias" (no sentido geral em que, infelizmente, são entendidas) podem bem ir pó olho do cu. Documentário? Pó caralho. Ficção? Pó caralho. Muito mais importante são os momentos, é o Tony Carreira a suar sublimamente sublime, são os ombros da Sónia Bandeira, é o Joaquim carvalho a mexer no calhamaço do argumento, é o tempo que se permite para gente do nosso querido Portugal contar histórias de faca e alguidar, de aroma a chouriça assada e a vinho verde, são os gigantones em plano geral a saltar ao som dos tambores. É isso. Num filme tão apoiado nos andamentos musicais ( não-diegéticos a maior parte e ainda por cima tão "deslegitimados" ) o risco era grande, mas conseguiu-se o incrível sucesso de cada uma dessas entradas sonoras parecer sempre justa e apropriada. Um incêndio nocturno ao som de Marante: belíssimo.