Não ficaria infeliz se todo o cinema fosse sobre "personagens, gestos, troca de cigarros, troca de adereços". E ainda sobre comer sopa, cortar alho com uma lâmina de barbear, mexer em papéis, inserts em grande plano de cigarros a serem queimados, mulheres a maquilharem-se ao espelho durante dez minutos e sem qualquer tipo de música a perturbar, homens a cortar barba, beber chá, o som dos saltos altos no passeio, o sibilo da chuva, pneus a atravessar terra batida, casas (como o Moretti no Caro Diario), enfim, toda a ritualização do que é considerado acessório na "arte narrativa tradicional". Por entre as mil e uma boutades de São Jean Luc, as 24 horas da verdade, uma arma e uma rapariga, essa caralhada toda, existe aquela onde se pede mais atenção a uma folha a cair de uma árvore, ou coisa parecida.
Em cima, Politist, adjectiv, grandioso exemplar do movie about nothing.