Metade de Kinatay desenrola-se na quase completa escuridão. Outros 25% possuem uma carga luminosa ligeiramente superior à do Branca de Neve. E a percentagem restante está recheada de luz e cor, como diria um radialista a anunciar o fogo-de-artifício de Sábado à noite nas festas de Nossa Senhora dos piolhos. Em qualquer das partes, um ponto em comum: o demencial tratamento sonoro, seja par realçar o caos reinante numa Manila atravancada de pessoas, lixo, bugigangas e galinhas, seja para nos guiar, pobres espectadores sem binóculos de visão nocturna, por uma longa e negra viagem e onde muitos bonitos momentos acontecerão, a começar por uma das maiores brochadas dos tempos recentes. E tudo por entre diversas alusões a Jesus Cristo Todo poderoso e o respectivo contraste com a "maldade humana" (nada de novo na frente oriental), noção embutida da velha máxima muito lynchiana de que a "depravação" e a "normalidade" doméstica ocorrem lado a lado ( exemplar último plano). Posto isto, o Brillante que goze muito bem o festim crítico que para aí vai, pois não tardará muito a ser sacudido à vergastada palavrosa por diversos judas (vide Kitano). Ca ganda mamada.