Ah, a adolescência, essa bonita e maravilhosa etapa da vida onde não beber uma bejeca ou um shotzinho de pontapé na cona pode significar o degredo no seio do "grupo", e em que as jovens e os jovens, para camuflarem as suas inseguranças de banais seres humanos, bebem muito para se livrarem das amarras do inconsciente, mesmo que isso signifique, para a jovem, ser apalpada ou esporrada por metade da população civil inserida na faixa etária dos 15 aos 35 anos. Também há aquele grupo que, numa atitude de difícil interpretação, começa a exprimir-se mais livremente após meio copo de tinto bebido. É tão nice, esta cena. Mais tarde, o grupo de teenagers dividir-se-à entre entre os bêbados de profissão, aqueles que derretem as mulheres, os cães, os gatos, os sinais de trânsito e a televisão quando o Cardozo falha de baliza aberta, e os bêbados artisticos, os sujeitos que destroem ou enaltecem as suas obras com odor etílico. É tão perturbado e auto-destruidor, vejam (por falar nisto, aquela merda do Control, visto recentemente, não perderá pela demora). É nesta sub-divisão de borrachão que se insere Don Birnam ( Ray Milland), um rapaz que, cheio de medo da vida e dos seus desafios, prefere enfrascar-se diariamente, correndo assim sérios riscos de perder os seus "entes queridos", e também o fígado. O the big picture de The Lost Weeekend é isto, a típica estória do desgraçadinho a contas com uma garrafeira dentro da cabeça. Mas uma obra com argumento de Billy Wilder ( o comentador Vasconcelos com passaporte norte-americano, como afirmou alguém nos anos cinquenta, junto a uma fossa séptica) e Charles Brackett, pese embora, aqui, os seus excessivos episódios de DT ( morcegos na parede, ratos, Correio da Manhã inteligente), consegue sempre encontrar pequenos episódios pontilhistas no meio do chumbo, como a deliciosa obsessão do bêbado com os círculos nas mesas feitos pelos copos, ou a acumulação das garrafas de leite junto a uma porta. E o tratamento do preto-e-branco, bem como os ângulos oblíquos da câmara, sugerem algo mais próximo do noir existencial (aquela coisa do destino, parece-me) do que do mero caso da vida de Domingo à tarde. E agora, com licença, vou agarrar numa puta de uma cadeira, numa puta de uma aguardente velha, vou abrir a puta da porta, vou pó caralho do quintal, e vou olhar pó caralho do céu, à espera que a vaca gorda da Betelgeuse expluda de uma vez. É tão fixi ser bêbado aos dezasseis anos.