Após uma recente revisão de Iklimer, cheguei ao âmago da questão: o filme de Ceylan tem uma história que serve de pretexto para mostrar pessoas a fumar. Mais do que isso, para mostrar o deleite que é acender um cigarro, de o travar, de inalar gostosamente o fumo até ele se enterrar bem enterradinho nos pulmões semi-carbonizados. O som hiper-realista do cigarro a ser acendido só tem paralelo, a meu ver e se a memória na me falha, nas lightaidas (de light) do Cage e da Laura Dern no Wild At Heart. Que maravilha. E é vê-lo com um maço de cigarros ao lado, bem cheio, fumando quando os personagens fumam, numa comunhão cancerígena digna de louvores. Se não aguentar tanta cigarrada, convide o seu filho ou filha adolescente, mas atenção: diga-lhe que só fumas se estiveres atento ao filme e depois me entregares uma crítica em cinco mil caracteres. Se escreveres "é um filme competente, realizado com mão segura", vou-te ao cu. Bom, vou meter dois na boca.