29/04/2010

ohh, o Barça foi eliminado. ohhhhhhhhhhh.


Em 2003, houve um Real Madrid-Juventus na meia-final da Liga dos Campeões. O Real venceu o primeiro jogo, em Madrid, por 2-1. Em Turim, levaram três na bilha que até andaram de lado. Esses dois jogos, basicamente, poderiam resumir-se assim: o Real de Zidane, Figo, Ronaldo, Roberto Carlos , Raul e etc. a trocar a bola a um nível galáctico, e a Juventus de Trezeguet, Del Piero, Nedved, Conte e etc. a meter a bola na baliza. E após cada um dos jogos, a indignação com o "futebol defensivo" da Vecchia Signora, o "desrespeito" pela "poesia futebolística", a aniquilação da "arte" pelo futebol de operário fabril, e demais merdas choramingonas levadas a cabo pelos românticos do esférico. Passada a eliminação, um jornalista, não italiano mas francês, do qual o nome não me recordo, escreveu mais ou menos isto: qual é o extraodinário mérito de ganhar a equipas desorganizadas defensivamente? Até a minha avó consegue fazer bonitinhos e marcar uns golitos a quem defenda mal pa caralho. Em 2003, o Real era considerado a melhor equipa do mundo. Sete anos depois, o rival Barcelona é não só aclamado como a melhor equipa do mundo, mas, tão só, como "a melhor equipa de todos os tempos". E a "melhor equipa de todos os tempos" não conseguiu marcar dois golos a uma equipa reduzida a dez jogadores desde o meio da primeira parte. A "melhor equipa de todos os tempos", com a sua obsessão doentia em ter posse de bola em qualquer situação de jogo, desprezou o pontapé de longa distância, o que até se compreende, se pensarmos que do meio campo para a frente (aquela coisa sueca não conta) todos os jogadores do Barça têm menos de 1.40 m. A "melhor equipa de todos os tempos" e os seus fanáticos admiradores queriam é que o Mourinho dissesse assim aos seus operários: rapaziada, vamos subir no terreno, vamos avançar as linhas, e se estivermos a perder por menos de três à meia hora eu pago-vos um corneto. Era isto que os Camilos Castelos Brancos da bola queriam. E depois, algum, ainda seria capaz de dizer: o Inter foi imprudente. Já não tinha uma alegria futebolística extra-FCP desde a gloriosa final do euro-2004, também vencida por uma equipa que "desrespeitava" não só o "futebol espetáculo" como também o "público" que tinha gasto um "balúrdio" no bilhete. Juntem-se aos injustiçados dos impostos, para quem "o cinema português anda a brincar cos mês impostos. Gatunes! Ladrões!". Viva o Inter, viva o Mourinho.

24/04/2010

um daqueles posts só com foto e sem frase ou texto que contextualize a cena.


Nagaya Shinshiroku. Yazujiro Xavi Ozu.

o medo come a alma ('tou todo borrado).


Sob uma perspectiva artística, flagelos como a religião, a guerra ou a fome (indissociáveis uns dos outros, a maioria das vezes) são um mal necessário. Imaginemos o mundo sem as obras-primas que foram inspiradas ou baseadas nesses cataclismos. Enlevados ou criticados, como background ou como motivo principal, romantizados ou satirizados, assim foram abordados tais desastres da humanidade. E não sem as suas generosas doses de polémica, como acabam de conhecer (uma vez mais) Trey Parker e Matt Stone, criadores e ditadores do grandioso South Park, que foram ameaçados por uns macacos nova iorquinos, a propósito da aparição do profeta ----- no último episódio (dividido em duas partes) da série. Na segunda parte o nome do profeta ----- é constantemente cortado por bleeps, e três discursos são inteiramente censurados, o que me levou, a princípio, a pensar que se estava na presença de alguma sátira aos próprios mecanismos censórios. Afinal, We delivered our version of the show to Comedy Central and they made a determination to alter the episode. It wasn’t some meta-joke on our part. Comedy Central added the bleeps. In fact, Kyle’s customary final speech was about intimidation and fear. It didn’t mention -------- at all but it got bleeped too. E lá teve de ceder a Comedy Central à intimidação e ao medo (e ao tão típico sentimentozinho de culpa ocidental), todos borradinhos com a hipótese de represálias por parte dos macacos. A mim só me resta desejar que os macacos não levem a deles adiante- ou por falta de sabonete e pele humana para as bombas ou por falta de força muscular devido à escassez de proteínas ingeridas- , e que Parker e Stone continuem a ser os brilhantes anti-iconoclastas que têm sido, na linhagem de grandes vultos da Humanidade, como José Vilhena ou Abel Ferrara. Para o final, e limpo de qualquer remorso e miúfa, deixo-vos uma imagem do profeta -----:

21/04/2010

o Ibrahimovic é o 12345º melhor avançado de todos os tempos.


1) A ponta da unha do dedo mindinho do pé esquerdo do Maicon vale mais do que o Daniel Alves inteiro.

2) O Zanetti, aos 36 anos, é o melhor defesa do mundo.

3) O Piqué, quando o Zanetti terminar a carreira (daqui a dez anos), tornar-se-à o melhor defesa do mundo.

4) A não chamada do Milito à selecção argentina é a prova cabal da degenerescência mental daquele sujeito que destreina a Albiceleste.

5) A caixa craniana do Balotelli está menos desenvolvida do que as do Hulk e Quaresma. Repito: do Hulk e do Quaresma.

6) O Zanetti, aos 36 anos, é o melhor defesa do mundo

7) O Olegário é mau aqui, em Milão ou numa lua de Júpiter.

8) Pode haver muito labor inteligente, muita rabinha, muita regra e esquadro, muita excepcional ocupação dos espaços, mas quando não há Messi...

9) O Cockfighter, do Monte Hellman, é deveras recomendável.

10) Zanetti, amo-te.

11) O Sneijder, em estado de coma, rende mais 200% do que todo o meio campo do Real Madrid (incluindo o KóKó).

12) O Xavi é o Ozu do futebol contemporâneo.

13) O Bong Joon Hoo tiraria, na mais plácida das calmas, o lugar ao Puyol.

14) Zanetti, Senhor Javier Zanetti.

11/04/2010

foxtrot epidemic.


Die Austernprinzessin é um dos melhores musicais de todos os tempos. Se se acrescentar que é uma obra do período mudo, mais valor terá tal classificação. Montagem ao ritmo frenético dos personagens, a comédia quase toda em plano médio/geral, como Chaplin um dia disse, e um uso da profundidade de campo verdadeiramente incrível para 1919. É acidez, é alegria, é Lubitsch. E pronto.

o principal problema dos "filmes de terror" acontece...



...quando, muitas vezes, sentem a necessidade de serem "filmes de terror". De figurar e explicitar ao extremo a ideia de género, não vá algum tolinho (a) perguntar, mal acabe o filme, cadé o terrore? The Descent e Wolf Creek, dois dos mais celebrados "filmes de terror" da década passada, são um perfeito exemplo da táctica (4-4-2 losango, com o médio-direito a cobrir ao centro, como tão bem faz o Ramires) da figuração. Enquanto se limitam a gerir as expectativas do espectador, são muito bons, sobretudo o segundo, com uma primeira hora de suspensão narrativa, em que as personagens são (felizmente) mal e porcamente apresentadas, com o medo a advir do enigmatismo da coisa. Mal descolam da atmosfera para mergulharem na demonstração física do que os seus autores suspeitam ser horror, tornam-se tão interessantes como os escritos do maradona (eu não percebo um caralho do que este gajo escreve. A sério.). Sim, não basta ter meia dúzia de gajas enfiadas numa gruta desconhecida e com mil obstáculos, não não, é preciso enfiar para lá umas entidades que resultaram da fusão entre um sócio benfiquista e um conselheiro nacional do PSD. E não, também não é suficiente ter três jovens à deriva pelas estradas nocturnas e diurnas de uma Austrália fantasmagórica, não senhor, pois há que acrescentar um papão misógino que certamente faria as delícias de Tarantino. A ansiedade dá lugar ao rotineiro sustinho, e é quando ele aparece. Mais das vezes, dá é para rir, sobretudo em The Descent, quando uma tímida e insegura moça se transforma, num piscar de olhos, na Ramba das grutas . Aqui há uns tempos, um benfiquista-Reisiano-anti-de Palma (ai, aquilo é tanto cinema. Até usam uma câmara, vê lá), por entre amendoins e cervejas, babava-se em justos elogios à sequência muda do UP; e acrescentava: "e depois daquilo, começa o filme". No caso de The Descent e Wolf Creek, a partir de determinada altura, desgraçadamente, o filme também começa.
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