17/11/2008

gelado #138


Na última sequência de The Cool World, alguém muito importante no filme é colocado dentro de um carro da polícia, mas Shirley Clarke parece estar mais interessada em captar a "respiração" urbana e as relações sociais entre os habitantes do Harlem do que em seguir o veículo da autoridade. Fecha-se o arco numa obra que começa como documental e termina como tal, com o seu núcleo sempre numa jigajoga algumas vezes indistinguível entre os dois géneros, em que uma elegia por um amigo morto é acompanhada por "planos consecutivos" (como há dias ouvi num bar) da rotinazinha do pessoal daquela zona de Nova Iorque. Filme político, sim senhor, socialmente activo, sim senhor, mas onde a ladainha do "ai não temos hipóteses porque vivemos em guetos" não é, de maneira nenhuma, servida apologeticamente contra o criminoso branco, até porque o determinismo é desmentido por outras personagens de The Cool World. Na mesma realidade, há quem escolha mais alguma cousa do que passar o tempo inteiro a desesperar por cinquenta dólares para uma pistola. Frederick Wiseman produziu esta obra filmada brutalmente ( jump cuts, zooms, imagens fragmentadas), bem de acordo com o objecto de filmagem. À atenção de pessoas inteligentes e também de membros do PNR.

*****- Fabuloso. Ludivine Sagnier, Scott Walker e sardinha de Portimão.
****- Muito Bom. Gene Tierney e caranguejo com cerveja Sagres de um litro.
***- Bom. Rojões à minhota em dia de chuva.
**- Razoável. Fast-Food em dia sem tempo mais Zizek sóbrio.
*- Medíocre. Conversa de café entre José Manuel Fernandes e João Marcelino.
0- Fusão genético-molecular entre Comentador Vasconcelos, Rui Ramos, Sapunaru e Eduardo Madeira.
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