07/10/2009

voyeur de voyeurs.

Neste Verão que passou assisti a um "novo" desenvolvimento na relação homem-máquina. Se em Verões anteriores já tinha dado conta da crescente proliferação de Peeping Toms nas ribanceiras de uma certa praia da Linha, desta vez encontrei-os transformados em Jimmy Stewarts, munidos de uma preciosa ajuda para as suas experiências cinematográficas: uns binóculos. Talvez exasperados com a visão que se esvai (são quase todos velhinhos, coitadinhos), o Zé, o Carlos, o Mário e o Joaquim- são sempre os mesmos e por vezes andam em bando, porventura concertando em conjunto algumas estratégias que permitam um melhor desfrute- decidiram ter um auxílio que lhes permita observar, através de um diminuto God's Eye, o deboche que sucede uns metros mais abaixo. No entanto, algo estranhamente, e apesar desta ajuda, continuam a colocar-se em posições de extremo risco para a sua saúde, por vezes com uma parte do pé já para além do precipício, talvez sugeridos pela gloriosa máxima do melhor defesa-direito de sempre do futebol português, que, para se salvar da queda, dava um passo em frente. Em face deste comportamento, pede-se à Direcção-Geral das Montanhas e Rochedos para colocar um cartaz em cada arriba com os seguintes escritos: "Se é voyeur, tenha cuidado", isto partindo do inocente pressuposto de que o Zé, o Carlos e tal conseguem ver o cartaz (mesmo com os binóculos), porque eles são velhinhos, coitadinhos e nós sabemos muito bem que temos o dever de tratar principescamente os velhinhos, porque país que não trata bem dos seus velhinhos não é um país digno, mesmo aqueles que matam à machadada as suas velhinhas e que vão ao cu a meninos e que demoram trinta minutos para tirar a senha na padaria, porque, como é do senso-comum, os velhinhos, coitadinhos estão expurgados de toda a pinga de mal (menos o Pinto da Costa) e são autênticos anjos do Senhor na Terra. Foda-se, que nunca mais chego a velhinho, nem que seja para ver se tenho alguma hipótese de jogar no Milan. Conclusão elucidativa deste post: você acaba de desperdiçar entre quarenta segundos a um minuto da sua vida (uma hora no caso do genial Luís Filipe ambos os dois Vieira).
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