08/01/2011

"meninos, hoje é dia de amour-fou".



Excepção a todo o Antichrist, o mais repugnante momento cinematográfico do ano transacto foi encontrado por mim já nos momentos finais de Rendez-Vouz. Então é assim: o gajo que se encontra à direita, no fotograma, cospe para a cara da gaja que está deitada na cama, que por sinal é a Binoche. A repugnância não está, obviamente, no acto cuspidor, porque antes cuspir na cara de outra pessoa do que nas ruas deste país, como eu, infelizmente, muitas vezes vejo. O ódio, o nojo, a sacanice da acção está no gesto simbólico de ausência do amor, de puro animalismo sexual, de "ai, ele agora já não a ama, por isso cospe-lhe de forma violenta e...e...o bruto! Porco!". Ó Téchiné, já fodeste? És daqueles que diz "o teu sexo" em vez de "a tua cona"? Mas desde quando é que o Amor não pode ser compatível com cuspidelas, esporradelas, batidelas, facas nas mamas, agrafadores nos colhões, etc? Que putaria de concepção é esta, ó André? Tás a filmar para adolescentes que enfiam o dedito enquanto se agarram ao ursinho de peluche oferecido pelo namorado? Mau, mau. E, como se não bastasse este momento piolhoso, há toda uma narrativa de amour-fou empilhado de clichés até à estratosfera, desde o poetinha incostante e "torturado" (Lambert Wilson- o único sujeito que, para meu conhecimento, trabalhou sob as ordens de Resnais e dos coisos Wachowski) até a episódios regulares de histerismo muito "perturbador", sem esquecer os planos da floresta negra à meia noite repleta de ursos pretos * da Juliette. Que filme. Bom para mulheres que passam metade da vida no Santiago Alquimista e outra metade a masturbarem-se à custa do vómito do magnífico Matt Berninger.

* Bill Watterson. Todos os direitos reservados


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