28/05/2009
(com o Phantom Limb). 30 filmes da década, um por semana até ao final do ano ou, o mais tardar, até final de Janeiro. Sem ordem alguma. #27
#30- Les Glaneurs et La Glaneuse, de Agnes Varda (2000)
#29- Hundstage, de Ulrich Seidl (2001)
#28- Takeshis', de Takeshi Kitano (2005)
aquela perspectiva
A minha capacidade de observação nunca foi muito forte. A desculpa dos óculos permanentemente embaciados não colhe. Existem detalhes, em filmes, que só os consigo apreender ao fim de uma meia dúzia de visões. Por isso, não me espantou nadinha que, após a revisão de Rio Bravo e a leitura deste texto completíssimo, eu tenha até hoje deixado escapar a subtil importância daquele contra-picado inicial, inserido nos melhores primeiros cinco minutos e oito segundos da história do cinema, ou os melhores cinco minutos e oito segundos da história do cinema tout court*. Um plano que a personagem de Dean Martin carrega sobre as costas quase até ao final da obra de Hawks, até ao momento em que recupera a sua dignidade. Rio Bravo é uma obra de uma extraodinária ressonância psicológica: foi certamente a pensar também nesse plano que JLG escreveu isto. E ainda há-de vir o dia em que, graças aos desígnios tecnológicos, Tarantino consiga colocar no mesmo filme o Ward Bond, o Walter Brennan e o Victor McLaglen.
* Por falar em Lições do Cinema, eu já telefonei à minha mamã para ela me enviar pelo correio azul a bata aos quadradinhos que eu usava na primária. Quero estar devidamente equipado para acompanhar as "lições" do mestre-escola, de batinha e cotovelos apoiados em cima da mesa com as mãos fechadas na cara. "Agora, meninos, vamos começar: primeiro agarra-se o barro assim...". Um paparazzi que persegue uma star: são temas quentinhos, directamente vindos do forno, da "actualidade". A Margarida Rebelo Pinto do cinema. E ainda se atreve a chamar "pesetero" ao Quique Flores.
por aí
1) [...]“blithely neglectful of basic storytelling tropes in order to indulge his auteurist peccadillos” (Time Out New York) [...]. Ou seja, a minha expectativa é cada vez maior e feliz. And I want my scalps!
JR: What about Ronald Reagan? Didn’t he have the same control?
Esta pergunta de Rosenbaum não é nada despicienda. Lembro-me que em petiz Reagan exercia sobre mim um tal controlo que não foram poucas as vezes em que, durante um certo período (que mais tarde viria a saber tratar-se do "caso Líbano"), eu pensei que ele desembarcaria na terrinha e exerceria o seu "controlo" da maneira mais brutal possível. Ecos de uma era em que em casa se começava a ouvir Zeca Afonso por volta do pequeno-almoço.
Apontar no caderno diário: vantagens artísticas de ser corno.
25/05/2009
vergas
Corpos musculados em contorcionismo exibicionista, gags visuais com erecções, uma boca a jorrar abundante sangue, marinheiros Adonis e selvagens, uma escultura de uma mão com o dedo do meio amputado, Fogo e Luz: imagens e motivos simbólicos que poderiam estar presentes numa crónica Belanciana, mas que afinal se encontram no avant-garde seminal de Fireworks, curta-metragem de um então adolescente Kenneth Anger. O mais desassombrado fetichismo acoplado a um comentário político sobre a beleza da juventude, a intolerância sexual e, segundo o próprio realizador, o 4 de Julho. Planos desvanecidos em luz difusa, música de um romantismo maldito, e situações que devem ter influenciado qualquer cineasta que se tenha aventurado nos mundos do onirismo sem chave facilmente descodificável. Uma pequena obra-prima para saunas e para fascistas recalcados. Kenneth tinha dezassete anos: eu, aos dezassete anos, andava mais preocupado com os golos do Jardel e o rabo da Patrícia, Deus Nosso Senhor a proteja onde ela estiver.
Se Fireworks foi a revelação, Scorpio Rising, dezassete anos depois, foi a consagração, a obra-prima das obras-primas de Kenneth Anger. Para mim, contudo, foi apenas a causa de uma tremenda dor de olhos. Eu já aqui escrevi uma vez que tá lixado comigo qualquer filme que me canse a vista, tenha ele a importância que tenha. Dos trinta minutos de Scorpio, os últimos vinte foram passados em agonia visual, e só os continuei a ver para poder aqui escrever isto que estou a escrever. O primeiro terço do filme é, digamos, óptimo: recupera-se o fetichismo de Fireworks em doses ainda mais cavalares (desta vez com mecânicos, oh la la), com icónicas canções de pop pastilha-elástica que, descontextualizadas da sua origem e juntas ao que vemos, adquirem um requintado sabor irónico e perverso. O mesmo para o uso de imagens de marca do histerismo feminino (Dean, Brando). E depois a implosão. De sons, imagens, simbolismos, um corta-e-cola a mata-cavalos que deu de papar a muita arte do videoclip e da MTV. Vi o filme há três dias e dessa implosão já pouco me lembro, ou lembro-a como me recordo da passagem pelo jardim escola, em fragmentos perdidos lá para as santas conas do assobio cerebrais. Motas, mais violência sexual, paralelismos entre os rebeldes de sessentas e Jesus Cristo, e as irónicas bubblegums: é uma montagem tão voraz e agressiva que me provocou não só a tal dor como, ainda pior, a indiferença. Obviamente, o rolo-compressor de cultura popular de Anger tem a sua influência e importância intactas. Para bem (literalmente) da minha saúde, nunca mais o espero ver.
Dia Monteiro-1
Não lhe parece que o seu filme ["Sophia de Mello Breyner Andresen"] possa constituir uma mudança na vida do documentarismo português?
-Não faço ideia. Acabei o filme em Dezembro e de então para cá tenho feito publicidade e comprado camisolas de gola alta. Não se muda nada a comprar camisolas de gola alta. Nem sequer o carácter.
Excerto da entrevista de João César Monteiro a "João César Santos", com o título "Entrevista com João César Santos", in O Tempo e o Modo, nº 69/70, Março/Abril 1969.
22/05/2009
e o Cinema continua...
Lá vou eu ter de bater no ceguinho (mesmo que endinheirado), coisa que não me apraz por aí além, pois faz-me recordar aqueles comediantes portugueses que fazem piadas com as figurinhas do panteão nacional, como se envolvesse uma grande dose de "coragem" e "independência" a caricatura dos Cavacos e dos Santanas e dos Delfins e por aí fora. Mas o que tem de ser tem mesmo de ser, e portanto relembro aqui o que disse o zé merdas do Ron Howard numa entrevista recente: Mudar de estilo, é esse o meu estilo!. O cretino estava já com umas boas doses de aguardente de abrunho no bucho, pois em sóbrias condições teria dito: Não ter estilo nenhum em absolutamente nenhum dos meus não-fimes, é esse o meu não-estilo. Agora que vá em paz e que continue a filmar os seus coriscos e os seus aleijadinhos brilhantes, que eu, no lugar dele, faria o mesmo para ter a barriga empapada em lagosta. Serve este preâmbulo para apresentar Election, obra de um realizador, esse sim, que se pode gabar de mudar de estilo sem que os alicerces da indistinção e da modorra surgem à espreita: gélidos policiais à The Mission, espalha-brasas em FullTime Killer, musicais, comédias de terror, tudo enquadrado numa média assustadora de oitenta e sete filmes por ano, filmados e montados cada um deles em cinco dias, à velha maneira Corman. Este Election (cuja segunda parte me falta ver) poderia ser uma resposta aos lirismos de Woo, se Johnnie To não tivesse, ele próprio, elevado já essa mesma escala de floreados à beira da pantominice mais absurda. A pancadaria é desprovida de efeitos coloridos e tão realista ao ponto de pender ora para o burlesco ora para a mais desapaixonada crueldade. Isto é o menos: o que interessa, aqui, é pôr em marcha o funcionamento de uma organização social (gangsters), com uma atenção particular aos seus rituais e tradições colectivas e o choque com os golpes palacianos da modernidade, em que os preciosos valores democráticos já não se respeitam. Burocracia criminosa no seu melhor. Pena, então, que toda esta secura prenda Election demasiadas vezes ao chão, impedindo-o do golpe de asa que rebente com tudo. Foi a impressão com que fiquei, mas também tinha acabado de comer feijoada.
Também há muitos bandidos em Get Carter, um filme de Mike Hodges que alcançou esse sempre dúbio galardão de " filme de culto", mas que a mim pareceu apenas mais uma foda velha (c). Possui aqueles horrorosos zooms dos anos 70 (Visconti só há um) e uma história de vingança tratada com o banalismo fílmico que desvitaliza sequências com um enorme potencial. Michael Caine incorpora a quimera do macho: mata outros homens, fode e bate em mulheres, e é justo, sem qualquer reserva de arrependimento. Como consolo, há a diminuta (equiparável ao tempo dispendido com esse material) satisfação pelos momentos em que se revela o proletariado do Norte de Inglaterra, especificamente de uma Newcastle mais encardida que a face de um menino dos bairros da lata (depois de tomar banho). Os seus rostos cansados e de cerveja na mão poderiam ser incluídos numa grande colectânea com o título: Grande Colectânea de grandes planos do Povo ao longo da História do Cinema. Prefiro o Charles Bronson.
20/05/2009
o Al Capone foi dentro por causa de uma evasão fiscal
Something it happened...A thing which...years ago...had been the eagerest hope of many, many good citizens of the town...Now it came at last....George Amberson Mainafer ...had got his comeuppance....He got it three times filled...and running over...But those who had so longed for it were not there to see it...they never knew it...Those who where still living...had forgotten all about it...and all about him...
Se as autoridades judiciais tivessem cumprido o seu dever, nada disto ou disto (cuja actualização é, como todos sabemos e sem "margens para dúvidas", uma "obra-prima") teria acontecido (apesar disto). Um dos maiores actos de vandalismo criminoso perpetrados contra uma obra de enorme relevância cultural. Uma amostra significativa do quão repugnante, retardada e filha da puta pode ser o antro da "magia do cinema". Os sujeitos da RKO deveriam ter sido presos e Robert Wise deveria ter sido preso. Até um menino do jardim escola deve perceber que aqueles minutos finais em forma de excremento fílmico estão a mais. Um enxerto de histerismo e bonomia num poço de amargura em surdina. The Magnificent Ambersons termina após essa sepulcral e melancólica narração de Welles, uma das mais belas sobre a forma como o espaço e o tempo operam sobre a alma. A partir daí, A Vergonha do cinema.
16/05/2009
avisem o Moore sobre o bairro da Bela Vista e convidem os Justice para a banda-sonora
A introdução de Louisiana Story antevê a entrada num universo de profundo lirismo, que, infelizmente, não se cumpre na totalidade. Um lago, um miúdo num bote, o reino animal em planos expressionistas, e uma narração evocativa: é uma sequência panteísta ao nível do melhor Flaherty anterior, de Night of the Hunter ou de quase todo o Malick. Mas como este filme (o último do cineasta) foi uma encomenda de uma companhia petrolífera, o que se segue é um programa a cumprir, uma ode (com uma candura insustentável para este século) à coabitação maravilhosa entre a solene Natureza e a Máquina do século XX. A instalação de uma refinaria perspectivada pelo olhar infantil, e os construtores são todos simpáticos, e o menino fica deslumbrado com a tecnologia emergente, e o menino salva o empreendimento com os seus amuletos da sorte, e não tarda nada tenho de ir buscar um kleenex. A total ingenuidade é salva pelos momentos hipnóticos do funcionamento das máquinas e pelo ocasional regresso às vicissitudes da selvajaria; na memória permanecerão aqueles minutos iniciais.
Parece que também existia um "programa a cumprir" em ABC Africa: um documentário sobre a problemática da SIDA nos milhões de crianças do Uganda. Um mau realizador (ou ainda pior, um Moore) traria do seu local burguês uma caixa repleta de violinos e não se coibiria de gritar de megafone em punho Ocidente, vê isto! É gravíssimo! Vamos já organizar um mega-concerto de solidariedade, com o Bono e a Beyoncé e a "artista conceptual". Para nosso descanso, um indivíduo chamado Kiarostami foi encarregue de trazer até nós as imagens da catástrofe africana. E se essa vertente didáctica e literal do tema está presente (horror- um corpo de uma criança embrulhado em pano e caixote a ser levado de bicicleta para nenhures), a maior parte da obra trabalha sobre...a rodagem da própria obra. Abbas e o seu cameraman munidos de Mini DV's e a filmarem praticamente tudo o que apareça no enquadramento: crianças e mais crianças a saltar e a cantar, barbearias, danças locais, mais crianças a saltar e a dançar, os inevitáveis longos planos dentro de uma carrinha, nuvens, asfalto, mercados de legumes; os brutos que deveriam ter ido para o lixo foram os que permaneceram na montagem final. Quando, numa sequência prodigiosa de escuridão e relampejos de luz (a lembrar o último plano de O Sabor da Cereja-descontada a fanfarra digital), Kiarostami e o seu colegam sobem as escadas do hotel, no negrume e com pitadas de non-sense, para encontrarem os seus quartos, perguntamo-nos se o cineasta não sabotou de vez o seu projecto e se ainda sabe o que o levou àquele país. A resposta está no final, um daqueles últimos planos de rebentar o coração de que o iraniano se tornou mestre. ABC Africa é muito mais uma celebração dos vivos do que uma elegia pelos mortos.
14/05/2009
desempoeirar o cérebro
...e é preciso ver um filme de Oliveira (e de alguns outros como ele) para desacelerar não só a mente como também o corpo. Se eu por acaso fosse um desses contemporâneos que andam por aí (só num país com tamanha falta de humor é que certos contemporâneos podem ser elevados a figuras de culto da comicidade, e não me estou a referir ao Nuno Lopes) apanharia a deixa e acrescentaria: desacelerar até dormir e depois ficaria à espera dos aplausos da blogoisfeira "cool" e "ai que somos tão modernos com o caralho do twitta (esse cancro civilizacional) e com as tecnologias da informação, até quando 'tou a foder a minha esposa 'tou com a putaria do twitta a meio metro de mim para o actualizar o mais rápido possível, mormente no número de esporradelas que já lhe espetei na cara", sempre disposta a dar palmadinhas nas costas aos meninos da contemporaneidade. Quando Oliveira falecer (e também alguns outros como ele ), irá desaparecer uma das coisas que em Vale Abraão eu gosto muitíssimo: o saber estar dos actores. Uma certa noção de pose hierática, mesmo nas personagens mais "vulneráveis" e "desgostosas". Aqueles rituais cerimoniosos de etiqueta e convenção sociais, em que todos os gestos, sobretudo os menores, adquirem uma enorme carga de representatividade e aparência. Uma fugaz ideia de classe e elegância, como a fabulosa cena em que Glória de Matos conta a Luís Miguel Cintra todos os segredos indecorosos do seu marido com um rigor e uma harmonia de palavra estonteantes. Mesmo assim, mesmo mantendo esta relação equilibradíssima entre corpo e palavra, um desses "realizadores" que andam por aí pegaria no material e escangalharia tudo com a leveza de um bulldozer: toca a mexer a câmara, caralho! toca a cortar, fideputas! toca a mexer, bois!mexam-se!mexam-se!mexammm-se!
10/05/2009
"FC Porto Campeão Nacional" é a maior redundância da língua portuguesa
Citando o trambolho do Carlos Martins*, com chamada de capa e tudo na lixeira: "Eu" com a taça e eles com o mal-estar. Infelizmente, os festejos terão de ser breves, pois aproxima-se a fase da época em que o FCP será goleado sem espinhas pelos seus rivais: o defeso.
Só vantagens para os clubes de Lisboa. Aproveitavam para se organizar e sempre poderiam acrescentar a desculpa 456 para não ganharem a ponta de um corno: eles só ganham porque nós não estamos lá! Também poderiam organizar uma liga a dois, embora desconfie que, mesmo assim, um ficaria em segundo e o outro em terceiro.
*a maior ex-esperança nacional de jogadores nascidos em 1982. A segunda é o hilariante Postiga (obrigado Sporting).
Agora, Alfred Hitchcock presents:
Sapunaru na lista do Bayern.
09/05/2009
tempos modernos
Um dos planos iniciais de The Grapes of Wrath, que será quase mimetizado num dos finais. A profundidade de campo de Gregg Toland (que não seria nomeado nesse ano para a caganeira da "magia do cinema") a isolar protagonistas (um dos quais, o principal) na devastidão paisagística, sem floreados nem bilros, antes dos planos mais apertados do aconchego da reunião familiar. Nuvens carregadas e terra seca, o menor dos problemas destes deserdados; o desastre fomenta-se em rostos e nomes off-screen, provavelmente sentados perto de uma espaçosa secretária, ao mesmo tempo que bebem um brandy e enchem a árvore de natal com coloridos comboios de brincar para os seus filhos. A luta inicia-se com um plano hyper-geral de um homem a subir afincadamente uma colina, o mesmo homem que um ano antes tinha subido outra colina em passo mais dolente e com chuva a apedrejar. O final inconclusivo, mas com pendor optimista, da acção temporal de The Gapes of Wrath teria a confirmação pouco tempo depois do ano da sua produção: os EUA tornavam-se, embora por meios ínvios, o mais próspero país do planeta.
Tom, there's a whole lot I don't understand. But goin' away ain't gonna ease us. There was a time we was on the land. There was a boundary to us then. Old folks died off and little fellars come. We was always one thing. We was the family. Kind of whole and clear. But now we ain't clear no more. There ain't nothin' that keeps us clear. Al - he's a-hankerin' to be off on his own and Uncle John's just draggin' around. Your Pa's lost his place, he ain't the head no more. We're crackin' up, Tom. We ain't no family now. And Rosesharn - she's gonna have her baby, but it won't have no family. I've been a-tryin' to keep her goin' but (she sighs)...and Winfield, what's he gonna be this a-way? Grown up wild, and Ruthie too! Just like animals. Got nothin' to trust. (Tearfully) Don't go, Tom. Stay and help! Help me!
Ford, esse facista.
07/05/2009
mamã, quando for grande quero um Avid para brincar ao picotado e para construir planos com um espaço de tempo que desafie a própria noção de "tempo".
O fabuloso Gabriel Alves, num dos seus míticos delírios verbais, outrora classificou de arejado um determinado estádio de futebol; arejado também é El Sur, penúltima longa-metragem do bi-bi-bissexto Victor Erice, e já lá vão vinte e seis anos. Delicados movimentos de câmara, enxutos da mínima excrecência, e uma despercebida técnica de corte transmitem uma langorosa fluidez a esta obra sobre uma família na ressaca da Guerra Civil espanhola. O mistério e a elipse andam de mãos dadas em cada plano, envoltos que estão numa literal neblina que impregna uma aura de conto-de-fadas a uma narrativa em que a "magia do cinema" é um dos poucos consolos para o desgaste vivencial. Se o cinema se encontra nos limbos da vigília, então El Sur será uma das mais veementes confirmações da boutade. E, claro, é um trabalho de alguém que chegou a um ponto na carreira em que o limpar de arestas já se realiza de olhos fechados. Com a então adolescente Íciar Bollaín, que há uns anos realizou um interessante Te doy mis ojos.
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